Uivo

-
Não descansa mais?
Do quê?
Ora, corpo, mente, olhos.
Apenas suposições. Se vivo, tudo se mexe.
Diminuir o ritmo, variar o roteiro contribuem para manter a saúde.
Estou em missão de resgate.
-
Desculpe insistir. A execução tem fundamento, mas no repouso é que se completa o efeito. No mínimo, evita o stress.
A Terra voa a 180 mil por hora, em círculos, jamais parou, e nem por tudo é estressada.
Ela leva os terráqueos ao passeio no EspaçoTempo. Você não carrega sequer um mísero passarinho. Pode sossegar.
Como ninguém me incomoda, estou atrás disso.
Ué, não queria paz?
A bandeira branca permanece hasteada; mas para valer, alguém tem que notá-la.
E ninguém viu?
Havia na espreita, mas tomou rumo ignorado.
Vai ver confundiu com algum fantasma. Não tem aí no barquinho aqueles foguetes de salvação?
Artifícios não sensibilizam, ainda mais com fogos. Pode pensar que quero queimá-la.
Se não tem nada a fazer, por que não sonhar?
Com as raras pedras que deixou, desenhava um puzzle, mas daqueles que pode parar a qualquer instante que estaria completo. Escolhi forma fractal, de modo que apenas um prisma já conteria multicor.
Belo arranjo. Deve ser um quadro admirável.
Efêmero, fugaz. O arcoíris revelou admiráveis tons sobre tons, difíceis de reproduzi-los. Sei que ele aparece depois de alguma tempestade, e, cumprida a missão, parte ao descanso, ou à prementes jornadas, as quais podem até lhes serem mais afetas. Infelizmente não sou manda-chuva. O Sol teima em brilhar, principalmente à noite. Divide a Lua, ao suplício do Lobo da Estepe. Nada de nuvens; sêca no sertão! Ele uiva atrás do rastro, querendo que o som do lamento contorne a brilhante, a surpreender o repouso daquelas cores em alguma face oculta. Presume o incauto que por trás do véu de prata possa revê-las, quiçá mais preciosas porque preservadas.
O céu é o limite.