
Só mortos não sonham. Quer que eu vá duma vez?
Calma, não falei disso. Porém, se sonhos não envelhecem, o diretor sim. Há que se viver. E a vida dificilmente tem algo a ver com qualquer sonho.
Estou aqui, pronto.
Meno male. Abriu os olhos? A proa está limpa. Confirma-se meu prognóstico.
Ela voou, na calada da noite, enquanto eu sonhava.
Não se apoquente. Passarinhos não são seres humanos, nem abelhas, nem cupidos, ou diabos.
Maré-mansa. Se nada há, nada perdi. Não se perde o que não se tem. E no mar moram sereias.
Está bem, mas vai trocar uma alucinação por outra? Pára com isso. Cai na real.
Meu real quer o virtual. De nada me serve um mar sem fim.
Pelo menos espreita por um bafejo. A amarga experiência não lhe abateu?
Qualquer uma faz bem. A experiência é a própria vivência, o uso do tempo.
Há experiências que se quer esquecer.
Bobagem. Pode não querer repeti-la, então a evita, mas irá evitar justamente por já ter pago a pena. Portanto, a experiência é gratificante. Não olho mais o ar, nem a proa. Atenho-me nos instrumentos.
Trouxe uma TV para você. Não acha conveniente para quem anda distante? Verá seres humanos. Atrizes não são sereias, mas raras são feias.
TV tem momentos horríveis. Não me apraz. Ora oro no mar.
Bonito; mas e na hora de amar?
Que me adianta TV, ou te ver?
Só se pode querer o que pode se ver; ou então: o que os olhos não vêem, o coração não sente. O resto é alucinação.
Vais virar Tri-pulação. TV é Fantástica! Mais irreal do que os sonhos, que são pessoais.
Você precisa do manual de instruções.
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