
parece haver algum sôpro no teu coração...
Sopro cairia bem às minhas velas.
Vento, então. E inspiração no coração.
Como quiser. Mas permaneço imóvel.
Parece que preferes.
Não nego que prefiro a inércia do que participar
do turbilhão de moscas tontas, atormentadas.
0
Para viver mister algum exercício. Nem sempre se tem prazer.
Pois é o que mais tenho feito. Exercito todas coreografias. Penso, escrevo, jejuo, e cultivo a esperança, ainda que você esteja aí, a supor que vislumbro a eliminação.
Nessas quatro atividades elencadas, apenas por uma poderias receber algum conforto, isso se fosse um luminar, coisa que, convenhamos, falta até um mísero gerador.
Faço fogo com pedras.
Pois bem. Mas de que vale tamanho esforço?
Ué, você não falou em exercício? Só a prática já não gratifica?
Se tiver algum sentido é salutar. À tôa, é desperdiçar.
Você não vê sentido na escrita? Digo-lhe: ela vai da esquerda à direita, até a margem.
Refiro-me a algum proveito. Você parece um bipolar. Ora se coloca isolado, no banimento. De outro, almeja ser imortal?
Somos todos imortais. A energia não se dissipa, apenas altera seu estado, e com isso, sua velocidade.
Mas que adianta ficar aí, noites à fio, às vezes de manhã cedo, a rabiscar bobagens para meia dúzia de leitores? Pode existir coisa mais frívola?
Qualquer avalanche começa com o movimento de apenas uma pedra. Enquanto tiver um leitor, hei de me comunicar.
E a saúde, o repouso, os prazeres, perda de peso, de apetite, não são seqüelas dessa dedicação?
Isso tudo é fugaz, e disso pouco me acomete. Não padeço em escrever. Só o faço de acordo com minha parca imaginação.
Nada plágio. Não corrijo; não apago. Se for desprezado pelas ninharias, mal não me fará. Um aplauso, apenas, de alguém mais generoso, abafará qualquer vaia emitida por algum garnizé. Caso nem isso alcance, viro poeta, numa praia deserta, a ninguém incomodar.
Parece mesmo estar soprado de algum elemento sobrenatural, por desprovido dessas preocupações mundanas... Para certeza, poderias dizer algo sobre a religião?
Dia desses já comentei algo assemelhado. Posso cogitar, novamente. Mas, de antemão lhe asseguro: em que pese respeitar quem nela acredite, porque respeito até gente vestida de toga, embora me causem comiseração, não me enquadro nesta possibilidade, mercê de um prosaico fato: jamais me desliguei. Portanto, não posso ser religado, como quer dizer a religião.
Ôpa, como assim? Conte isso melhor!
Amanhã. Como você bem advertiu, há que se descansar.
Au revoir, monsier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário