
Impossível. No trem da vida só se ganha.
Mas o quê lhe diferencia de um defunto?
Meu coração. Falecido não precisa.
Mas para o quê presta tal privilégio?
Ele bate. Com isso produz microondas.
Vais falar no telefone, ou descongelar um peixe?
-
Elas servem para quem souber surfar.
E o que ganhas com isso?
O que ganha uma ponte do viandante?
Ponte é bem isso: desprovida de vida.
E eu, da morte. Por isso tenho chance.
Chance todos temos. O ganhador, raro.
Pois é. Você sai atrás da sorte, ou
espera ela bater em sua porta?
Que tipo de sorte pode lhe interessar?
Que arca, que baú de felicidade espera encontrar
nesses verdes mares de Iracema?
Já lhe disse que prefiro ser encontrado.
É agulha no palheiro. Morre atrapalhando o tráfego.
Neste caso, ganharei muito tempo, posto não
valer a pena viver entre energúmenos.
Você abdicou de tudo? Do dinheiro, do amor, da felicidade, enfim?
O que tinha, as mesmas brumas da ilusão se encarregaram
de desfazer, mas não me deram o cheque-mate. Resignei-me.
Meu Rei permanece de pé, e me sobrou um peão. Basta ele
chegar à linha de fundo para virar uma Rainha. Prepare a medalha.
A próxima Olimpíadas será em Londres, daqui há quatro anos.
Vou mandar fazer uma especial a você.
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