As manifestações tem se multiplicado. Pessoal se preocupa.
As mais devotas se deitam em orações.
Engraçado me mandarem orações. Equivale a mandar uma garrafa de água mineral para um dono de fonte. Orações é o que mais tenho feito. Ainda precisa que façam pra mim?
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Pois então veja mais esta, seu cabeça-dura:
Santa Clara, Clareia os caminhos tortuosos Daqueles que se embrenham Na noite do próprio egoísmo E nas trevas do isolamento. Clara, irmã de São Francisco, Coloca em nossos corações A paixão pela simplicidade,
Mas você prefere supor que quem lhe dedica atenção, não merece seu reconhecimento?
Tento compreender. Veja que a atenção dispensada parte de pressupostos, de um preconceito, que é um conceito emitido antes de propriamente conhecer o que se tem como ponto da determinação. Neste caso, não me parece coisa de muito amor, porque este requer compreensão, não o julgamento, ainda mais antecipado, ambos sempre calcados na presunção. A emissora age como toca-fitas: rrepete gravações de aplicação universal, não pessoal. É certo que a oradora nunca me viu, e sequer conhece algum trabalho que elaboro. É um falso interesse, que busca admiração apenas para si.
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Então não devo agradecer?
Não disse isso. Quem me dirige atenção per se merece a minha. Esta pessoa deve ser de boa-fé. Por isso foi facilmente embretada pela mistificação como panaceia para qualquer conquista. Eu é que preciso compor uma oração para oferecê-la. Por certo, como todos, ela passa lá por seus momentos de aflição. Então, se agarra nos santos, nas orações. Quando as atribulações amenizam, ela reputa à mágica celestial invocada. É incapaz de supor que a vida é uma constante formulação de ondas, e para que estas existam, há previamente repuxos, tanto quanto para o sol raiar antecede-lhe o crespúsculo. Sosseguem todos os corações. Nem querendo posso me isolar. Faço parte do Universo, e como tal, da eternidade. Recebo a energia cósmica permanentemente, e por out-put tenho que retransmiti-la. Sou apenas um recipiente provisório, no qual meu espírito se aloja, de onde recebe e emite inúmeros congêneres, entre os quais os daqueles que me são mais caros, na pole-position da convergência de meus sentimentos. Agradeça lhe orientando: se ela quiser ingressar no rol, se quiser uma garupa, o lado do estribo é o esquerdo, o do coração, e não o direito, como presume a pretensa racionalidade.
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