Mais um dia se lança.
Velho guerreiro coloca armadura.
Chama o amigo, fiel Sancho Pança,
partem à esmo, à nova aventura.
Não tem mais gente, não há mais ninguém.
Não pode haver luta, sem adversário.
Sancho Pança não pode ser páreo.
Onde haverá alguém?
Lá adiante algo se movimenta!
É um monstro horripilante!
Veja o que o homem inventa!
Depois corre do próprio gigante.
Na desabalada carreira,
ele esquece o fundamento:
por mais que corra, na segunda-feira,
tem vida dura, como jumento.
Por gerar máquinas, que soem espelhar
toda frieza e até crueldade,
domina tudo, mas não a vivência.
Olvida o óbvio: o importante é amar;
de nada vale sem sua essência.
.
Dom Quixote, a triste figura,
luta contra o monstro sem alma.
A luta inglória produz mais agrura.
Resta voltar ao lar, sem as palmas.
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