quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Outro mundo

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Quando tocou o sino
timbrando a onda no tempo,
lá se foi o pequenino,
arrastado em forte vento.
Agora é tarde, e profundo.
Ele já está em outro mundo.


Ao desatar o nó

que o prende no imenso cais
ele se torna só
não voltará, jamais.
Agora é tarde, ao mundo:
Lá se foi o vagabundo.

Se no ar soa o apito
encerrando a tal porfia,
ele desfaz o mito.
O time cai na agonia.
O jogador de todo imundo,
preferia estar noutro mundo.


Quando larga a bicicleta
ao trocá-la por perfume,
já não há a mesma meta,
só a luz de um vaga-lume.
Agora é tarde, e profundo.
Ele já está noutro mundo.


De volta aquele estridente
anuncia outra partida.
Arranca o trem,e leva a gente,
e deixa pra trás a querida.
E fica a noite, no mundo.
Ele se foi pra outro mundo.


Caso paire um forte odor,
talvez cheirando queimado,
não subsiste o fervor:
o bolo está estragado.
Agora é tarde. No fundo,
o bolo se foi, num segundo.


No fim da jornada se deita,
aquele mesmo pequenino.
Por favor, não mais se meta:
dorme tranquilo, o menino.
O sono é deveras profundo.
Agora é tarde, não faça alarde.
De nada adianta, nada é fecundo:
Ele está lá no outro mundo.

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