quinta-feira, 18 de março de 2010

Tolices


O que se passa rapaz?
Parece-me acabrunhado!
O que neste canto faz?
Cometeste algum grave pecado?

Não, meu bom consulente.
Nem vi que estava num canto,
mas também nenhuma gente.
Por isto, o desencanto.

Pois então, animal, te levanta!
Vai encontrar o pessoal.
O que, afinal, adianta
uma anta a ruminar o mal?


Vou te contar a verdade.
Conservo olhos, memória, e ouvidos.
Estou numa boa idade,
mas nada me é querido.

Ué, que bobagem é essa?
Isso é de criança emburrada.

A vida se faz boa à beça,

colorida, se bem-amada.


Cores nada me dizem.
Pessoas nada me dizem.
O que me resta é vertigem
desse mundo alienígena.

Cruzes! E teus sentidos?
Nem eles são eloquentes?
Assim vais virar um mendigo.

É isso que tens pela frente.
.
Não, nunca irei mendigar.
Para espichar sofrimento?
O que me resta neste momento,
é só ver a morte chegar.

Se nada tens pra fazer,
e nada também te obriga,

que tal uma rapariga,

para tirar tua intenção de morrer?

Não tenho tamanha intenção.
Não tenho intenção nenhuma.
De nada serviu minha atenção,
em bem escolher alguma.

Então, tenho outra sugestão.
Quem sabe alguém não te escolhe?
Pra isso, sai desse chão,
frio, gelado, isso encolhe!


Pois eu vim da grande avenida,
por onde passam as donzelas.
Muitas me foram queridas,
mas só segurei as velas.

Ora rapaz, o que há?
Não és, assim, de todo feio.
Pior do que tu, uma pá
se dá bem em qualquer meio.

Até pessoal com lombriga

arruma forma de amar.
Dou-te, então, derradeira sugestão.

Ela será de arrasar,

sem te levar de roldão:

vai cachimbar formiga!

2 comentários:

mc disse...

esta merece estar numcapítulo sobre bip ! rss Fantástica!

bjss

ALLmirante disse...

thanks, doce Cris