quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O encontro da paz

Ela se mudou, em busca de paz.
Deixou o emprego, pela mesma razão.
Ora olha as estrelas, e nada mais faz,
além de cultivar a sofreguidão.

Deixou a família, em busca de paz:
na solidão não há confronto.
O espelho, contudo, mordaz,
resgata a ameaça do mesmo ponto.

No rosto, as marcas da gravidade
abrem os sulcos marcantes.
Na implacável terceira idade,
a morte se faz anunciante.

A paz, como todo ideal
de perfeição e felicidade
é a ilusão mais fatal
que se pode ter na cidade.

Numa noite repleta de mosquitos,
calor, barulho e febre intensa,
ela invocou todos os mitos
e implorou pela sonhada paz.
Na escuridão imensa,
ora descansa em paz.