Desistes de ser rico?
Sou rico.
Nada vejo. Onde guardas o tesouro?
Não sou pirata. Minha bandeira é branca total.
Rico sem riqueza? Leão careca?
Riqueza e pobreza são paradoxos; portanto, relativos.
Discordo.Há pobreza absoluta.
Por pouco tempo. O coitado neste estado morre em seguida.
Dos que ganham salário-mínimo nenhum é rico, exceto frente a indigente.0
Alguém que produza para receber dez mil dólares/mês pode ser visto pelos dous lados, como gostava Machado. Se para muitos, no Brasil, é fortuna, outros por lá não suportam nem cogitar essa miséria. Por outro ângulo, há quem perceba esta cifra, mas ainda assim se endivide. Perde o valor. Aquele mendigo, que nada deve, lhe é superior.
Quem ganhar essa quantia não pode se queixar, em nenhum lugar.
De pobres que se tornam ricos, contam-se muitas histórias. De ricos que se tornaram pobres, mais ainda, aos milhares, principalmente na última dúzia de anos, especialmente nesta semana. Muitos se suicidam.
Bobagem. Quem é rico sempre guarda alguma coisa, pelo menos.
Reversões podem ser rápidas. Dudú-da-loteca, remember. Em uma semana, viu milhões entrarem, e milhões saírem. Do vácuo, restou buraco-negro.
O que nunca vi é ninguém gostar de pobreza.
Tem o golpe do João-sem-braço, na porta da Igreja. E há quem se faça de morto, para ganhar sapato novo.
A atual crise americanaSidharta, rico Príncipe. Despojou-se das posses para encher sua mente de sabedoria. Enriqueceu por saber pensar, jejuar e esperar. Tudo ganhou, até a Princesa. Já os piratas se julgam espertos, e tem experiência. Então, visam apenas tesouros. São sempre desprovidos, os coitados. Passam a vida em busca do ouro; quando um deles o arrebata, outro vem com a chibata.Não me venhas dizer que tua riqueza consiste na tua vida, no teu conhecimento, ou nas tuas amizades.
Por isso já não podes me considerar pobre; mas como isso todo mundo tem, nem por tanto estou no rol melhor.
Teu rol é isso mesmo:enrolação!
Disse que sou rico, provo com a maior simplicidade.
E afirmo que quase todo mundo é pobre, por isso andam por aí,
debatendo-se em bellum omnium contra omnes.
Não é o que digo? Só enrola. O que queres dizer com essas palavras bíblicas?
War of all against all.
???
Guerra de todos contra todos! Ninguém vive em paz. Impera a dissimulação, a ilusão, a lisonja, mentiras, enganações, a máscara que encobra a vaidade, tudo no véu da convenção.
Despeitado? Então toma: tenho um vizinho que adquiriu uma Mercedes, importada.
Isso é realidade, e produto da convenção.
Sei quem é. É pobre; por isso quer aparentar riqueza.
Como ousas tamanha ilação?
Ele quer uma Ferrari. Como não tem renda suficiente, adquiriu um mais barato, nem por isso menos lustroso, de modo que mantém alguma aparência, mas ele não está satisfeito. Acha-se pobre. De fato é.
Mas é um patrimônio respeitável!
Aos olhos dos outros, sim. Aos próprios, contudo, não. Ele quer, e precisa de maior performance.
E tu aí, em mísero barquinho, não quer nada melhor?
Não preciso de performances, nem de brilhos, que são sempre efêmeros. Ninguém me exige patrimônio, nem podem exigir. Como não sou necessito de nada, sobra dinheiro. Sou dos mais ricos da face da Terra. E da água.
Só pensas em ti mesmo! Um rico egoísta, avarento, cuja riqueza não pode ser repartida!
Fosse por isso os soviéticos seriam todos ricos. A riqueza não depende de quantidade de matéria acumulada, ou dividida, mas, curiosamente, do seu desprezo. Como disse: sou rico porque nada me falta. Provado?
A riqueza pode até ser incapaz de fazer alguém feliz; mas, pelo menos, é o melhor acesso.
O dinheiro compra tudo, até outro dinheiro. Mas não compra a amizade, que quero do mundo inteiro.
Sustento que em casa que falta pão, todo mundo briga, e ninguém tem razão!
Se felicidade for proporcional à renda, ou ao patrimônio amealhado, uma solteira idosa tem mais chances de ser feliz do que uma jovem casada.
Arre. Cansei, sem me convencer.
Compreendo.Tens uma cabeça brilhante!
Obrigado.
Nada agradeça. Como brilhante, ela é dura, e pequenina!
Óps, não precisavas ofender. Estava aqui no fito de motivar, apenas.
Sei disso. Desculpe-me. Não quis ofender; apenas tornar nosso diálogo mais divertido. Mas não te preocupes. Tudo flui, na abundância da vida. Cachorrinhos continuarão passeando na calçada da fama, e na Street só se fala em trilhão de Bills. E para alguém que se sinta mais pobre pela perda de alguns pontos naquele pregão, resgato o inesquecível Harrinson, from Bangladesh. Have a good night. Até amanhã, friend.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Mero navegante
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