quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Luta inglória

Charlie se tornava famoso no ringue. Possuia audácia, persistência, coragem e determinação. Pela lisura, correção, nobreza e capacidade galgou aos patamares mais elevados do ranking. Atraia aficcionados torcedores, apaixonadas tietes. Casa cheia.
Na fulgurante carreira, tomara vários golpes; ainda assim, permanecia ereto, sorriso aberto. Entusiasmavam-lhe tapinhas nas costas, o aceno dos empresários a grandes contratos.
Com a seqüência incessante dos combates, todavia, avolumaram-se as seqüelas. Nos
corners lhe grudavam band-aids, e palavras de incentivo. Era fácil, rentável. Difícil é levar bordoadas, mas ele lograva se reerguer aos enfrentamentos.
Um a um, os
uppers lhe foram dilacerando. Numa refrega, olhos esbugalhados, corpo estatelado, cabeça partida. Pronto. O sacrifício fora sacramentado. Seus treinadores puderam ir descansar. Tinham cumprido a missão.

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