domingo, 26 de outubro de 2008

Por triz

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Sim, eu luto contra o tempo,
pois me assoprou um vento
que me encontro no final.
Não, não fiquei chateado,
ao contrário, obrigado
pela notícia fatal.

Não é que queira ir,
mas se torna infeliz

quem só deixa fluir:
passa tudo como um triz.

Poucos dias me aguardam.
Trato de legar a marca
a quem chega na aventura.
Deixo pistas a lo largo.
Não quero vê-lo na maca
por sofrer de amargura.

Não é que eu pense em ti,
mas se não for por ti,
nada mais irá surgir.

Não, não estou desesperado.
Ao contrário, agradecido
por ter ciência da verdade.
Gente passa ensimesmado
sem dar conta do recado
quando vê, já se foi ido.

Ninguém tem pressa,
mas não adianta.
O tempo passa,
some ali adiante.

Portanto faço
das palavras uma prancha
que pode ser usada
por quem chegar no mar
Bem sei que cada um
vem provido de sua lancha
pra bem gozar e amar
Mas ela vai
devagarinho
se esmiuçando
sem ter ninho,
espraiando
e diminuindo.
Até chegar ao nada, coisa de louco,
bem aos poucos vai sumindo.

Ao nadador,

ao léo no mar,
marco esses pontos,
que pode usar.



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